terça-feira, 21 de outubro de 2008

EM SE PLANTANDO TUDO DÁ, NÃO PLANTANDO TAMBÉM DÁ E, SE É PRA DAR, É MELHOR NEM PLANTAR.

Evocando Macunaíma, os agricultores têm alegado que muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são. Segundo eles, as dificuldades são tão grandes e os preços praticados no setor primário da economia tão baixos, que é melhor dar toda a produção e trabalhar noutra atividade.
Não sei se é bem assim, pois, como disse Pero Vaz de Caminha, nessa terra, em se plantando tudo dá.
Exemplo disso ocorreu comigo. Recentemente, o vizinho do andar de cima, saboreando um jabá com girimum que sua patroa havia preparado, encontrou uma semente e a cuspiu pela janela.
O projétil descreveu uma parábola no ar e caiu no vaso que mantenho perigosamente sobre o parapeito da janela do meu quitinete e, como essa chuva não para, ele germinou, resultando nisso, que você vê nas fotos abaixo. Aliás, se você não sabia que abóbora dá flor, vê se aprende (clique sobre elas para aumentar).



A notícia correu o mundo, chegando aos ouvidos do sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, do Dubai, o qual, interessado em implantar essa novidade em sua terra, designou um dos seus 758 brimos, Habbib Babaganouch Malachea, para chefiar missão enviada ao Brasil, a fim de adquirir khow how sobre o legume a qualquer preço.

Recebi o príncipe Malachea no meu quitinete com todos os rapapés e salamaleques que a circunstância exigia.

Soube depois que Sual Alteza teria dito que desejava introduzir no Dubai aquela trepadeira que dava muito no Brasil, da família das Cucurbitaceae.

Na hora, todavia, como seu português era péssimo, interpretei incorretamente suas mal pronunciadas palavras e entreguei-lhe o endereço da boate Help, em Copacabana.

Ele foi, mas retornou indignado, brandindo a cimitarra e gritando que era fiel às suas 32 esposas (uma das quais o acompanhara ao Brasil - veja foto abaixo), tendo considerado minha atitude uma ofensa grave ao seu país.
O Itamaraty interveio e, depois de longa negociação, contornamos o entrave diplomático assinando um acordo pelo qual me comprometi pessoalmente a mandar para o sheik um tupperware cheio de doce de abóbora (num dos parágrafos daquele tratado internacional ele exigiu que constasse que eu iria encher o recipiente no capricho) que prepararei assim que o fruto for colhido (ainda está verde), acompanhado de um envelope com 15 de suas sementes, cuja plantação certamente deixará os turistas que freqüentam aquele centro cultural do planeta perplexos diante de tão exótico vegetal.

Ufa! Quem diria que um jabá com girimum mal feito poderia ter culminado num conflito bélico internacional?

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