segunda-feira, 26 de setembro de 2011

AS VEDETES DA FEIRA DE HOJE

A Feira hoje estava sensacional. Havia de tudo, desde a sexsagenária Harley Davidson do Stênio, em estado de nova (aliás, sobre o Stênio, veja também http://quiosquearruda-montandon.blogspot.com/search?q=lambreta), magníficas peças de arte sacra do Carlos Brown, escultura da Vera Torres, vasos em cristal francês da manufatura Lalique etc..
(pressione o mouse sobre a foto escolhida para ampliá-la)


domingo, 18 de setembro de 2011

ESSA FILA TÁ ANDANDO MUITO RÁPIDO . DEVE TER NEGUINHO EMPURRANDO AÍ ATRÁS PÔ!

Dizem que um o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. É fato. Mas três raios podem cair três vezes no mesmo lugar e em curto espaço de tempo. Foi assim este ano na Feira de Antiguidades da Gávea com três das mais brilhantes e singularíssimas pessoas que este Blog conheceu e que compareceram com frequência nas suas postagens.
Primeiro Paulo Saint Martin. Depois Tio Paulo. Agora o Manuel. Três das pessoas que mais alegria nos deram nos últimos anos. Eram muito amigos nossos e divertidos.

Mas quem foi  Manuel? Quem conviveu com ele sabe que é impossível descrevê-lo.
No Google encontramos uma publicação no DOU de dezembro de 1983 na qual o Presidente da República promoveu, no quadro de médicos do corpo da Marinha, Manuel Jose Tavares Perro Filho ao posto de capitão de corveta (equivalente a major no Exército). O que aconteceu depois não sabemos, também nunca perguntamos.

Neste blog, basta você clicar com o mouse no índice ao lado, ou nos marcadores abaixo desta postagem, o título MIL FACES DO DR. TAVARES para encontrá-lo e compreendê-lo (ou não).

Nosso relacionamento com o Manuel tinha características peculiares.
Quase todos os domingos nos encontrávamos pela manhã para tomar café. Nos dias em que este Quiosque funcionava ele sentava nos fundos, numa cadeira especialmente trazida pelo José Mauro, lia o jornal e distribuía a pauta com recortes de matérias tragicomicas (na sua opinião) publicadas na semana. Discutíamos todas elas, comentávamos o que tinha acontecido em nossas vidas no mesmo período, falávamos de outros temas que aleatoriamente afloravam  e ríamos, mas ríamos muito, porque tudo se tornava pitoresco e ridículo na análise fria, objetiva, irreverente e sarcástica do Manuel.
Durante a conversa alguns charutos eram fumados e, repentinamente, quando nos descuidávamos, vinha a pergunta: cadê o Manel?

Como o Zorro no seriado da TV Tupi Manuel tinha desaparecido até a manhã do domingo seguinte, com exceção das tardes em que ele surgia vestindo uma fantasia ou algum traje adquirido em surdina na própria Feira, ou na casa Turano, fornecedora de tecidos para as suas camisas feitas sob medida numa costureira em Duque de Caxias.

Claro que Manuel era muito mais que isso. Manuel era genial e deliberadamente louco (se é que alguém pode ser deliberadamente louco), generoso, sofisticado, debochado, afetuoso, culto ... .

Em nosso mais recente café da manhã discutimos a avaliação do Silvio Berlusconi sobre a Itália (na verdade um desabafo) extraída de uma conversa telefônica indiscretamente interceptada pela Procuradoria de Nápoles. Lembramos, então, da primeira cena em que Mastroianni aparece no filme  "I Compagni" ("Os Companheiros"), do insuperável Mario Monicelli (preciso rever este filme, a Annie Girardot está linda, vou pedir emprestado ao Murilo Rocha), na qual Pautasso manifesta sobre Turin a mesma opinião que Berlusconi tem sobre a Itália, e de como Monicelli morreu, aos 95 anos de idade, depois de saber que estava com câncer (sabe como foi? se não sabe vá pesquisar na internet).
Havia, ainda, um detalhe, ou melhor, uma marca registrada do seu comportamento (além do fato de ser colecionador de bules de metais não preciosos).
Ele gostava de presentear os amigos com gravações de suas seleções de músicas populares, qualificadas pela quase unanimidade dos presentados como coleções sequencialmente ilógicas de canções muitas vezes desconhecidas ou insólitas, salpicadas com uns poucos sucessos recentes ou já esquecidos.

Este Blog, no entanto, que, tem hábito semelhante, adorava as escolhas do Manuel que iam, no mesmo disco, do jongo ao hip-hop, passando pelo cha-cha-chá e por tudo mais que se produziu em música popular aqui e alhures. 

Estabeleceu-se então entre nós, uma disputa. Ganhava a competição quem conseguisse dar ao outro o prazer descobrir uma obra de alta qualidade que não foi divulgada, ou uma composição memorável que o tempo lamentavelmente havia apagado da memória, ou algo pleno de humor escrachado que causasse gargalhadas, como ocorreu no dia em que recebi um CD cuja primeira música se intitulava Mo Deuso (Kaquinho Big Dog - vide gravação abaixo), ou, ainda, a última que quase ninguém tinha ouvido, como ocorreu noutro outro CD niciado com a delicada Se Eu Soubesse (Chico Buarque).
Enfim, essas eram as metas da competição (surpreender, rir e enternecer o outro), que em conjunto formavam o estilo daquelas gravações.

Ao Manuel, então, que salvo outra surpresa não virá tomar café conosco domingo, este Blog, nascido sob o signo de Coelho no horóscopo chinês, rende sua homenagem (i) reproduzindo a placa que será exibida na sua barraca na Feira na próxima semana, (ii) transcrevendo a seleção das músicas gravadas no CD que mais recentemente lhe oferecemos (motivo de longos e elogiosos comentários  pouco antes de sua convocação para se apresentar no céu), (iii) copiando para este Blog a acima lembrada cena em que Marcelo Mastroianni surge em I Compagni e (iv) reproduzindo ao final a gravação do impagável de "Mo Deuso".
(clique com o site sobre a foto para ampliá-la

Seleção das músicas gravadas no CD mais recentemente presenteado por este Blog ao Manuel, que intitulamos, de maneira muito criativa "SUCESSOS INESQUECÍVEIS"
Entre o Torresmo e a Moela - Aldir Blanc & Maurício Tapajós
Fosforo Queimado - Abelim Maria Da Cunha (Ana Maria)
Rosa Púrpura de Cubatão - João Bosco
We Can Work It Out - Lenon e McCartney - Orchesta Pucho Lopez
Telefone de Brotinho - Jorge Ben
3x4 - Tânia Alves
Meu Vício É Você - Nelson Gonçalves
Eu Nao Vou Mais - Ed Lincoln
Todo errado - Caetano Veloso & Jorge Mautner
A Cigarra - Silvia Machete
Quem é o Dono dessa Mulher - Riachão
Peba na Pimenta - Marines
Tu Hás de Pensar em Mim - Orlando Dias
Formicida, Corda e Flor - Nana Caymmi
Segura Este Samba Ogunhé - Oswaldo Nunes
Vinte e Cinco Anos - Cristina Buarque
Tamanco no Samba - Orlandivo
Piranha - Bezerra da Silva
A Maçã  - Raul Seixas
Mulher Malandra - Jorge Veiga
Pequinês e Pitbull - Seu Jorge
Ciúme Doentio - Elton Medeiros
Terreirão - Almir Guineto
Deusa dos Orixás - Rita Ribeiro
Farinhada - Ivon Curi




P.S. SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, SAIBA TAMBÉM QUE O DR TAVARES ERA AMARRADÃO NA EDNÉAS E SE ORGULHAVA MUITO DELA.